segunda-feira, 30 de junho de 2014

Clair Patterson, a idade da Terra e o chumbo



    Clair Patterson morreu em 1995. Ele não ganhou prêmio Nobel por seu trabalho. Geólogos nunca ganham. O mais intrigante é que ele não ficou famoso, e seu meio século de realizações regulares e cada vez mais altruístas não recebeu muita atenção. É bem possível que ele tenha sido o geólogo mais influente do século XX. No entanto, quem é que ouviu falar de Clair Patterson? A maioria dos livros didáticos de geologia não o menciona. Dois livros populares recentes sobre a história da datação da Terra chegam a grafar errado seu nome*. No início de 2001, um resenhista de um desses livros, na revista Nature, cometeu o erro adicional e um tanto espantoso de achar que Patterson fosse uma mulher**.
    Em todo o caso, graças ao trabalho de Clair Patterson, em 1953 todos podiam concordar com a idade da Terra.
    No final da década de 1940, um estudante de pós-graduação da universidade de Chicago chamado Clair Patterson, nascido no meio rural de Iowa, estava empregando um método novo de medição por isótopo de chumbo para tentar descobrir enfim a idade definitiva da Terra. Infelizmente, todas as suas amostras acabaram contaminadas – em níveis absurdos. A maioria continha cerca de duzentas vezes os níveis de chumbo normalmente esperados. Decorreriam muitos anos até Patterson descobrir que o culpado era um lamentável inventor de Ohio chamado Thomas Midgley Jr.
    Midgley desenvolveu um interesse nas aplicações industriais da química. Em 1921, trabalhando para a General Motors Research Corporation, em Dayton, Ohio, Midgley investigou um composto químico denominado chumbo tetraetila e descobriu que ele reduzia substancialmente a vibração conhecida como batida do motor.
    Embora todos conhecessem seus perigos, no início do século XX, o chumbo podia ser encontrado em todo o tipo de produto de consumo. Os alimentos vinham em latas fechadas com solda de chumbo. A água costumava ser armazenada em tanques revestidos de chumbo. Na forma de arseniato de chumbo, era borrifado nas frutas como pesticida. O chumbo fazia parte até do acondicionamento dos tubos de dentifrício. Dificilmente um produto deixava de trazer um pouco de chumbo para a vida dos consumidores. No entanto, nada o tornou mais familiar do que seu acréscimo à gasolina.

    O chumbo é uma neurotoxina. Absorvido em excesso, pode danificar irreparavelmente o cérebro e o sistema nervoso central. Entre os muitos sintomas associados à superexposição ao chumbo estão a cegueira, insônia, insuficiência renal, perda de audição, câncer, paralisias e convulsões. Em sua forma mais aguda, ele produz alucinações abruptas e aterrorizantes, que perturbam igualmente vítimas e expectadores, em geral levando ao coma e à morte. O chumbo no organismo é muito nocivo.
    Por outro lado, é fácil de extrair e manusear, e quase constrangedoramente lucrativo de produzir em escala industrial – e o chumbo tetraetila de fato impedia os motores de baterem. Desse modo, em 1923, três das maiores corporações dos Estados Unidos – General Motors, Du Pont e Standard Oil de Nova Jersey – formaram uma joint-venture, com o nome de Ethyl Gasoline Corporation com vistas a produzir tanto chumbo tetraetila quanto o mundo estava disposto a comprar – uma quantidade enorme ao que se revelou. Eles chamaram seu aditivo de “etilo” porque soava mais amigável e menos tóxico do que “chumbo”, e lançaram-no para consumo público (de mais maneiras do que a maioria das pessoas percebia) em 1º de fevereiro de 1923.
    Quase imediatamente, os operários da produção passaram a exibir o andar cambaleante e as faculdades mentais confusas de quem se envenenou. Também quase imediatamente, a Ethyl Corporation embarcou numa política de negação calma, mas inflexível que lhe seria útil durante décadas. Como observa Sharon Bertsch McGrayne em sua absorvente história da química industrial, Prometheans in the lab (Prometéicos no laboratório), quando os funcionários de uma fábrica desenvolviam delírios irreversíveis, um porta-voz imperturbável informava aos repórteres: “Esses homens provavelmente enlouqueceram porque trabalharam demais”. No todo, pelo menos quinze trabalhadores morreram no início da produção de gasolina com chumbo e um sem-número de outros adoeceu, muitas vezes violentamente. O número exato é desconhecido, porque a empresa quase sempre conseguia abafar notícias de vazamentos embaraçosos. As vezes, porém, suprimir as notícias se tornava impossível, mais marcadamente em 1924, quando, em questão de dias, cinco trabalhadores da produção morreram e outros 35 foram transformados em pilhas de nervos vacilantes em uma única instalação mal ventilada.
    Com a circulação de rumores sobre os perigos do novo produto, o entusiasmado inventor do etilo, Thomas Midgley, decidiu realizar uma demonstração aos repórteres para desfazer suas preocupações. Enquanto discorria sobre o compromisso da empresa com a segurança, despejou chumbo tetraetila nas mãos e, em seguida, segurou uma proveta com o produto sob o nariz por sessenta segundos, garantindo que poderia repetir o procedimento todos os dias sem perigo. Na verdade, Midgley conhecia perfeitamente os riscos do envenenamento por chumbo: ele próprio adoecera gravemente devido à superexposição, alguns meses antes, e, exceto na demonstração aos jornalistas, evitava na medida do possível o contato com a substância.
    Entusiasmado com o sucesso da gasolina com chumbo, Midgley voltou-se para outro problema tecnológico da época. Os refrigeradores na década de 1920 costumavam ser terrivelmente arriscados, porque usavam gases perigosos que às vezes vazavam. Um vazamento num refrigerador em um hospital em Cleveland, Ohio, em 1929, matou mais de cem pessoas. Midgley resolveu criar um gás que fosse estável, não inflamável, não corrosivo e seguro de respirar. Como misteriosamente predestinado a criar coisas nefastas, ele inventou os clorofluorcarbonos, CFCs.
    Raramente um produto industrial foi adotado com maior rapidez e com resultados tão desastrosos. Os CFCs entraram em produção no início da década de 1930 e encontraram mil aplicações em tudo, de ares-condicionados de carros a sprays de desodorantes, até que se descobrisse, meio século depois, que estavam devorando o ozônio da estratosfera. Você deve saber que isso não foi bom.
    O ozônio é uma forma de oxigênio em que cada molécula porta três átomos de oxigênio, em vez de dois. Trata-se de uma excentricidade química, já que no nível do solo ele é um poluente, enquanto lá em cima na estratosfera é benéfico, pois absorve a radiação ultravioleta perigosa. No entanto, o ozônio benéfico não é terrivelmente abundante. Se distribuído de maneira uniforme pela estratosfera, formaria uma camada com apenas uns dois milímetros de espessura. Daí ser tão facilmente perturbável, e essas perturbações não levam muito tempo para se tornarem críticas.
    Os clorofluorcarbonos tampouco são abundantes – constituem apenas cerca de uma parte por bilhão da atmosfera como um todo -, mas são extravagantemente destrutivos. Um quilo de CFCs consegue capturar e aniquilar 70 mil quilos de ozônio atmosférico. Os CFCs perduram por longo tempo – cerca de um século em média -, causando destruição em quanto isso. Eles também são grandes esponjas de calor. Uma única molécula de CFC é cerca de 10 mil vezes mais eficiente em exacerbar os efeitos estufa do que uma molécula de dióxido de carbono – e é claro que o dióxido de carbono não é nada lento como um gás de estufa. Em suma, os clorofluorcarbonos podem acabar se revelando uma das piores invenções do século XX.
    Midgley não veio a saber disso tudo, porque morreu muito antes de qualquer pessoa perceber quão destrutivos eram os CFCs. Sua morte foi memoravelmente incomum. Após sofrer de paralisia devido à poliomielite, Midgley inventou um dispositivo envolvendo uma série de roldanas motorizadas que automaticamente o levantavam e o viravam na cama. Em 1944, ele ficou embaraçado nas cordas, quando a máquina entrou em ação, e foi estrangulado.
    Enquanto isso, Harrison Brown, da Universidade de Chicago, desenvolveu um método novo de contar isótopos de chumbo em rochas ígneas (aquelas criadas por aquecimento, e não por depósito de sedimentos). Percebendo que o trabalho seria excessivamente tedioso, entregou-o ao jovem Clair Patterson como tese de doutorado. É famosa sua promessa a Patterson de que determinar a idade da Terra com seu novo método seria “sopa”. Na verdade, levaria anos.
    Patterson começou a trabalhar no projeto em 1948. Comparada com a contribuição heroica de Thomas Midgley à marcha do progresso, a descoberta da idade da Terra por Patterson possui um toque de anticlímax. Durante sete anos ele trabalhou em laboratórios esterilizados, fazendo medições muito precisas das taxas de chumbo/urânio em amostras de rochas antigas cuidadosamente selecionadas.
    O problema da medição da idade da Terra era que se precisava de rochas extremamente antigas, contendo cristais portadores de chumbo e urânio mais ou menos tão antigos quanto o próprio planeta – é óbvio que rochas muito mais novas forneceriam datas enganosamente recentes. Mas rochas antigas de fato são difíceis de encontrar na Terra. No final da década de 1940, ninguém entendia porque eram tão raras. É incrível que só quando já estávamos em plena era espacial alguém tenha conseguido dar uma explicação plausível para o sumiço dela (a solução está na tectônica das placas). Patterson teve de tentar explicar as coisas contando com materiais bem limitados. Até que lhe ocorreu a ideia engenhosa de contornar a escassez de rochas utilizando material de fora da Terra. Ele se voltou para os meteoritos.
    Seu pressuposto – bem ousado, mas correto, ao que se revelou – foi que muitos meteoritos são, em essência, restos dos materiais de construção dos primórdios do sistema solar que conseguiram preservar uma química interior mais ou menos intacta. Medindo-se a idade dessas rochas errantes, obter-se-ia também a idade (suficientemente próxima) da Terra.
    Como sempre, nada foi tão simples como esta descrição superficial leva a crer. Os meteoritos não são abundantes, e amostras meteoríticas não são fáceis de obter. Além disso, a técnica de medição de Brown revelou-se extremamente sensível e precisou de muitos refinamentos. Acima de tudo, havia o problema de que amostras de Patterson eram constante e inexplicavelmente contaminadas por grandes doses de chumbo atmosférico sempre que expostas ao ar. Isso acabou fazendo com que ele criasse um laboratório esterilizado – o primeiro do mundo, de acordo com pelo menos um relato.
    Patterson despendeu sete anos de trabalho paciente apenas para reunir amostras adequadas para o teste final. Na primavera de 1953, viajou até o Argonne National Laboratory, em Illinois, onde pôde utilizar a última palavra em espectrógrafo de massa, uma máquina capaz de detectar e medir as quantidades mínimas de urânio e chumbo encerradas em cristais antigos. Quando enfim obteve os resultados, Patterson, de tão excitado, dirigiu seu carro direto até a casa onde crescera, em Iowa, e pediu à mãe que o internasse num hospital, achando que estivesse tendo um ataque cardíaco.
    Logo depois, num encontro em Wisconsin, Patterson anunciou uma idade definitiva para a Terra de 4,5 bilhões de anos (com uma margem de erro de mais ou menos 70 milhões de anos) – “uma cifra que permanece inalterada passados setenta anos”, como observou com admiração McGrayne. Após duzentos anos de tentativas, a Terra enfim possuía uma idade.
    Cumprida sua missão principal, Patterson voltou a atenção à questão importuna de todo aquele chumbo na atmosfera. Ele se espantou ao descobrir que o pouco que se sabia sobre os efeitos do chumbo nos seres humanos era quase invariavelmente errôneo ou enganador – o que não surpreendia, ele descobriu, já que durante quarenta anos todos os estudos dos efeitos do chumbo haviam sido financiados exclusivamente pelos fabricantes de aditivos de chumbo.
    Num daqueles estudos, um médico sem nenhum treinamento especializado em patologia química realizou um programa de cinco anos em que se pediu a voluntários que respirassem ou engolissem grandes quantidades de chumbo. Depois a urina e as fezes dessas cobaias foram examinadas. Infelizmente, como o médico parece ter ignorado, o chumbo não é excretado como produto residual. Ao contrário, acumula-se nos ossos e sangue – daí ser tão perigoso -, e nem os ossos nem o sangue foram examinados. O resultado foi a aprovação do chumbo como inofensivo à saúde.
    Patterson logo constatou que tínhamos muito chumbo na atmosfera – continuamos tendo, na verdade, já que o chumbo nunca desaparece – e que cerca de 90% parecia advir dos canos de descarga dos automóveis, mas não conseguiu provar isso. Ele precisava de um meio de comparar os níveis de chumbo na atmosfera naquele momento com os que existiam antes de 1923, quando foi introduzido o chumbo tetraetila. Ocorreu-lhe que núcleos de gelo poderiam fornecer a resposta.
    Sabia-se que a neve que cai em lugares como a Groenlândia se acumula em camadas anuais distintas (porque diferenças sazonais de temperatura produzem mudanças ligeiras na coloração do inverno para o verão). Contando retroativamente essas camadas e medindo a quantidade de chumbo em cada uma delas, Patterson poderia calcular as concentrações globais de chumbo em qualquer época por centenas, ou mesmo milhares, de anos. A ideia tornou-se a base dos estudos de núcleos de gelo, em que se fundamenta grande parte do trabalho climatológico moderno.
    O que Patterson descobriu foi que antes de 1923 quase não havia chumbo na atmosfera, e desde aquela época seu nível crescera de forma contínua e perigosa. Sua missão de vida era fazer com que o chumbo fosse eliminado da gasolina. Para isso, tornou-se um crítico constante e, muitas vezes, ruidoso da indústria do chumbo e seus interesses.
    A campanha se mostraria infernal. A Ethyl era uma corporação global poderosa, com muitos amigos em altos cargos de governo. Patterson de repente viu suas verbas de pesquisa serem suspensas ou negadas. O American Petroleum Institute cancelou um contrato de pesquisa com ele, bem como o serviço de saúde pública dos Estados Unidos.
    Á medida que Patterson se tornava incômodo, a direção de sua instituição via-se repetidamente pressionada pelos executivos da indústria do chumbo a calá-lo ou demiti-lo.
    Patterson tem o mérito de nunca ter hesitado nem cedido. Seus esforços acabaram levando à promulgação do Clean Air Act, lei antipoluição atmosférica de 1970, e finalmente à suspensão da venda de gasolina com chumbo nos Estados Unidos em 1986. Quase de imediato, os níveis de chumbo no sangue dos americanos caíram 80%. Mas como o chumbo fica para sempre, quem está vivo hoje possui cerca de 625 vezes mais chumbo no sangue do que a população de um século atrás.
    A solda de chumbo dos recipientes de alimentos só foi removida, nos EUA, em 1993.
    O Brasil foi um dos primeiros países a deixar de usar o chumbo na gasolina automotiva, sendo que em 1992 ele estava totalmente eliminado da gasolina. Ele foi substituído pelo álcool (PETROBRAS, 2002). O álcool, além de eliminar o chumbo, trouxe consigo algumas outras vantagens do ponto de vista das emissões dos veículos, além de ser fonte renovável de energia.
    Ainda hoje existem países que utilizam significativamente o chumbo no combustível.
    Quanto à outra praga legada por Thomaz Midgley, os clorofluorcarbonos foram proibidos nos Estados Unidos em 1974, mas continuam sendo introduzidos em grandes quantidades na atmosfera, pois em países subdesenvolvidos e emergentes o gás só seria proibido em 2010.
    No Brasil desde 1999, já não se produzem mais veículos e condicionadores de ar com CFC. A partir de 2001, não se fabricam mais refrigeradores domésticos e comerciais com esses gases. Para eliminar os CFCs remanescentes e gerenciar o seu passivo, o Governo Brasileiro desenvolveu uma série de projetos com o objetivo de impedir que os CFCs contidos nos equipamentos produzidos naquele período sejam lançados na atmosfera, principalmente nos momentos de manutenção.
    O desafio, agora, é concentra-se em outro tipo de gás prejudicial à atmosfera, os HCFCs (hidroclorofluorcarbonos), também usados como fluido de refrigeração para geladeiras e aparelhos de ar condicionado. Estes surgiram como alternativa aos CFCs, já que têm uma capacidade 90% menor de destruir a camada de ozônio, por conterem hidrogênio em sua composição, o que muda as propriedades da substância, explica o oficial de projetos do PNUD, Ruy de Goes. "Porém, estes elementos continuam agredindo a atmosfera, ainda que em menor escala”, afirma. “E são supergases de efeito estufa, ou seja, têm potencial altíssimo para aumentar o aquecimento global", acrescenta.
    A meta do Protocolo é abolir os HCFCs até 2040 nos países signatários do acordo, gradativamente.


*Os livros são Mysteries of Terra e The Dating Game; ambos transformaram seu nome em “Claire”.
**Nature, “The rocky road to dating the Earth”, 4 de janeiro de 2001, p.20.
Fontes:
Bryson, Bill (2004), Breve história de quase tudo, Companhia das Letras, pp. 159–169
http://www.mma.gov.br/clima/protecao-da-camada-de-ozonio/historico-das-acoes-brasileiras/gerenciamento-do-passivo-de-cfcs - acessado em 30/06/2014
http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/5mostra/5/167.pdf -acessado em 30/06/2014
http://memoria.petrobras.com.br/acervo/chumbo-tetraelita-e-retirado-da-gasolina#foto-destaque-depoimento/0/ - acessado em 30/06/2014
http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=2273 – acessado em 30/06/2014



quinta-feira, 26 de junho de 2014

Estrutura vertical da atmosfera (Parte 2) - Balões com Wi-Fi

A internet é uma rede mundial? Digamos que sim, mas isso é um evidente exagero. “Temos a palavra world (mundo em inglês) em www (sigla para world wide web) justamente pelo conceito de que essa é a primeira plataforma aberta para a comunicação entre quaisquer seres humanos” disse o físico Tim Berners-Lee, que em 1989 desenvolveu  o protocolo www, base da rede.
Mas, de fato, a web não está perto de ligar a todos. Há 2,5 bilhões de pessoas com acesso. É impressionante, ainda mais em comparação aos 745 milhões que estavam on-line há dez anos. Só que os off-line continuam a superar os on-line. Dois em cada três indivíduos permanecem sem acesso. O problema: para funcionar, a rede depende de uma estrutura caríssima, composta de antenas e satélites.
O projeto Loon , desenvolvido em sigilo no Google X, laboratório em Mountain View, o coração do Vale do Silício, situado no único prédio da companhia inacessível a todos os googlers, apelido dado aos funcionários da companhia (Só quem é do X entra no  X) esse projeto é um plano ambicioso de levar a internet aos desconectados por meio de milhares de balões com Wi-Fi, movidos a energia solar e que sobrevoam a Terra a 20 quilômetros de altitude. Se der certo, proporcionará os benefícios da rede a moradores de regiões ermas, ou mesmo a barcos no meio do oceano.
O Loon começou em 2011, com o nome de ICARUs, em referência ao personagem da mitologia grega cujas asas de cera se derreteram quando voou próximo ao sol.
Em outubro de 2012, um jornal do Estado de Kentucky noticiou: “Objeto misterioso no céu”. Tratava-se de um Loon.
Foi realizado dia 06 de junho de 2014 um teste no Brasil, em Campo Maior, cidade de 45.000 habitantes no Piauí.

REDE DE ANTENAS QUE FLUTUAM PELA ESTRATOSFERA
Estratosfera: O Loon, balão do Google que fornece conexão com a internet flutua entre 18 e 25 quilômetros de altitude, na metade da região da estratosfera que é uma região estável, com correntes de ventos horizontais e que não é afetada por fenômenos climáticos, como tempestades.
Como voa: A estratosfera tem correntes de vento dispostas em camadas, que costumam soprar de forma mais ordenada e uniforme que em altitudes baixas, onde ocorrem fenômenos climáticos como nevascas e tempestades.
Para não coincidirem com a rota de aviões e não serem submetidos a intempéries, os balões são posicionados na estratosfera. Correntes de ventos com velocidade de 200 quilômetros por hora não permitem que objetos estacionem nessa região, o que dificultou o posicionamento dos balões.
O momento eureca foi aproveitar o vento em favor da ideia.
Os balões circulam a Terra, ora fornecendo conexão na América do Sul, ora na África.
Abrir as portas do mundo on-line para as pessoas traz inegáveis benefícios. Segundo estudo do Banco Mundial, o efeito positivo que a internet tem na educação, no empreendedorismo e em fomentar o ambiente democrático faz com que um aumento de 10% no número de pessoas on-line impulsione um crescimento de 1,3% no PIB de um país.

(Excerto da reportagem de Veja, edição 2376 de 04 de junho de 2014, de autoria de Filipe Vilicic)

                     
Questionário

1- Quais são as quatro camadas em que se divide a atmosfera?

2- Afinal de contas, levando em consideração o que foi exposto no texto; A internet é uma rede mundial ou não? Explique o seu ponto de vista.

3- Porque a estratosfera é a melhor camada da atmosfera para colocar os balões do Google?

4- Qual foi o momento eureca em favor da ideia dos balões?

5- Foi citado na reportagem que o município de Campo Maior no Piauí possui 45.000 habitantes. Sabendo-se que sua área é de, aproximadamente, 1.699 km². Qual é a densidade demográfica de Campo Maior?

Estrutura vertical da atmosfera (Parte 1)

-Graças a Deus existe a atmosfera. Ela nos mantém aquecidos.  Sem ela, a Terra seria uma bola de gelo sem vida, com uma temperatura média de -50⁰C.
No todo seu acolchoamento gasoso equivale a uma espessura de 4,5 metros de concreto protetor e sem ela os visitantes invisíveis do espaço (partículas carregadas, raios ultravioleta) nos retalhariam como pequenos punhais. Até as gotas de chuva nos nocauteariam, não fosse a resistência da atmosfera.
O fato mais impressionante sobre nossa atmosfera é sua pequena extensão. Ela sobe uns 190 quilômetros, o qual pode parecer abundante quando visto do nível do solo. Mas se reduzirmos a Terra ao tamanho de um globo de mesa comum, ela teria apenas a espessura de algumas camadas de verniz.
Por conveniência científica, a atmosfera é dividida em quatro camadas desiguais: Troposfera, Estratosfera, Mesosfera e Ionosfera (muitas vezes chamada de Termosfera). A Troposfera é a parte que nos é preciosa; sozinha, contém calor e oxigênio suficientes para a nossa sobrevivência, embora rapidamente se torne hostil à vida à medida que subimos por ela. Do nível do solo ao seu ponto mais alto, a troposfera (ou “esfera giratória”) tem uma espessura de cerca de 16 quilômetros no equador e não superior a 10 ou 11 quilômetros nas latitudes temperadas. Oitenta por cento da massa da atmosfera, praticamente toda a água e, portanto, praticamente todo o clima estão contidos dentro dessa camada fina e delicada. Com efeito, a nossa vida pende por um fio.
                                  (Exemplo de Bigorna para quem ficar com dúvida.)
Além da troposfera está a estratosfera. Quando você vê o alto de uma nuvem de tempestade se nivelando no formato clássico de uma bigorna, está olhando a fronteira entre a troposfera e a estratosfera. Esse teto invisível é conhecido como tropopausa (Pausa por completo) e foi descoberta em 1902 pelo francês Léon-Philippe Teisserenc de Bort  num balão.
                              Nuvem de tempestade se nivelando no formato clássico de uma bigorna

Mesmo em sua extensão máxima, a tropopausa não fica muito distante. Um elevador veloz, do tipo usado em arranha-céus modernos, poderia leva-lo até lá em cerca de vinte minutos, embora essa viagem não seja muito recomendável. Uma  tal subida rápida, sem pressurização, resultaria, no mínimo, em graves edemas cerebrais e pulmonares, um excesso perigoso de líquidos nos tecidos do corpo. Quando as portas do elevador se abrissem na plataforma de observação, os passageiros estariam certamente mortos ou agonizantes. Mesmo uma subida mais cadenciada seria acompanhada de grande desconforto. A temperatura a dez quilômetros de altitude pode chegar a -57⁰C e algum oxigênio extra não seria nada mal.
Depois que se deixa a troposfera, a temperatura logo aumenta de novo para uns 4,4⁰C, graças aos efeitos absorventes do ozônio (outra coisa que Bort descobriu em sua intrépida ascensão de 1902).
O ozônio é uma forma de oxigênio em que cada molécula porta três átomos de oxigênio, em vez de dois. Trata-se de uma excentricidade química, já que no nível do solo ele é um poluente, enquanto lá em cima na estratosfera é benéfico, pois absorve a radiação ultravioleta perigosa. No entanto, o ozônio benéfico não é terrivelmente abundante. Se distribuído de maneira uniforme pela estratosfera, formaria uma camada com apenas uns dois milímetros de espessura. Daí ser tão facilmente perturbável, e essas perturbações não levam muito tempo para se tornarem críticas.
Ela, a temperatura, despenca para -90⁰C na mesosfera, antes de disparar para 1500⁰C ou mais na apropriadamente denominada, mas muito instável, Termosfera, onde as temperaturas podem oscilar mais de quinhentos graus do dia para a noite – embora caiba observar que “temperatura” em tais altitudes torna-se um conceito um tanto teórico. Temperatura é realmente apenas uma medida da atividade de moléculas. No nível do mar, as moléculas de ar são tão compactas que uma molécula só consegue se deslocar por uma distância ínfima – cerca de oito milionésimos de centímetro, para ser preciso – antes de colidir com outra. Porque trilhões de moléculas estão constantemente colidindo, a troca de calor é intensa. Mas à altura da termosfera, a oitenta quilômetros ou mais, o ar é tão rarefeito que quaisquer duas moléculas estarão a quilômetros de distância e dificilmente entrarão em contato. Desse modo, apesar de cada molécula ser bem quente, há poucas interações entre ela e, portanto, pouca transferência de calor. Isso é bom para os satélites e espaçonaves porque, se a troca de calor fosse mais eficiente, qualquer objeto artificial em órbita naquele nível entraria em combustão.

(Texto extraído do livro “Breve história de quase tudo” de autoria de Bill Bryson)



Questionário

1 - Os fenômenos meteorológicos mais importantes ocorrem na:
a)Estratosfera b)Troposfera c)Tropopausa d)Mesosfera

2- A Ozonosfera, está situada na:
a)Estratosfera b)Exosfera c)Camada D d)Ionosfera

3- A Troposfera se estende na vertical sobre o Equador terrestre, até:
a)9 km b)5 km c)12 km d)19 km

4- A camada da atmosfera que se situa entre a troposfera e a estratosfera denomina-se:
a) Ionosfera b) Baixa atmosfera c) Exosfera d)Tropopausa

5- Porque a temperatura logo aumenta assim que deixamos a troposfera?

6- Porque a temperatura se torna um conceito um tanto teórico em altitudes elevadas?





domingo, 22 de junho de 2014

Se fosse possível e você cavasse um buraco na Terra que saísse do outro lado veja aonde você sairia.


Análise do setor industrial Brasileiro



    O Brasil cria muitas dificuldades para o exportador, com exceção daquele que quer vender para o Mercosul. Há dificuldade de fluxo de navios, o frete internacional a partir daqui é caro, os portos são deficientes e custa muito mais encher um contêiner. Além dessa dificuldade operacional, há ainda o câmbio valorizado, que tira a competitividade de um produto feito no Brasil. Na China, por exemplo, existe um fluxo logístico altamente vantajoso, além da questão da moeda, desvalorizada em relação ao dólar. O Brasil precisa melhorar a sua infraestrutura e competitividade. No Brasil a carga tributária é muito pesada e novamente tendo a China como exemplo, vemos que lá praticamente não há tributo no processo industrial, sobretudo nos produtos voltados à exportação. As empresas pagam fundamentalmente o imposto de renda – no máximo, de 15%. Aqui, há toda a
quela carga de tributos na cadeia produtiva: ICMS, ISS, PIS, Cofins.
    A perda de competitividade do setor industrial está muito mais ligada ao sistema tributário brasileiro do que a falta de investimentos em máquinas ou pesquisa e desenvolvimento.
    Cada vez mais, grandes grupos nacionais mudam suas sedes para a Europa e os Estados Unidos por causa da tributação que o governo resolveu fazer sobre a transferência de lucros entre empresas do mesmo grupo.

(Excerto da entrevista que Carlos Tilkian, presidente da Estrela, concedeu a Otávio Cabral para a revista Veja edição 2376)

Metrópoles



    É na direção delas que a humanidade caminha. Hoje 85% dos brasileiros vivem nas cidades. Criadas para facilitar a troca de mercadorias, elas evoluíram para se transformar no local, por excelência, dos encontros – de ideias, parcerias, projetos. Isso ajuda a explicar por que, no Brasil, 167 milhões de pessoas optaram por espremer-se em um espaço equivalente a 5% do território. Entre as vantagens de viver próximo a uma grande quantidade de seres humanos está a de poder fazer escolhas – e isso inclui desde o que se vai comer no jantar até a profissão que se vai abraçar. A cidade oferece opções em ritmo caleidoscópico, a zona rural as restringe. O vetor das populações, portanto, continuará apontando para os grandes centros, e não o contrário. E é natural que, uma vez neles, as pessoas queiram usufruir o seu conforto.


(Excerto da reportagem “Para onde eles vão?” de Veja edição nº 2368 – ano 47 – nº15 de autoria de Mariana Barros)