quarta-feira, 15 de setembro de 2021

A caldeira de Vitória

 

“A massa de água cai no abismo num jato compacto e transparente. Depois de alguns metros de descida, transforma-se repentinamente numa massa de neve, de onde se desprendem salpicos em forma de cometas descabelados, para afinal se atomizarem em milhares de astros brilhantes.”

            Assim o explorador inglês David Livingstone descreveu as imponentes quedas d’água por ele descobertas em 1855.


     Tentando encontrar a foz do rio Zambeze, Livingstone foi o primeiro europeu a defrontar-se com a “Caldeira Fervente” e com o “Vapor Trovejante”, nomes dados pelos nativos às cataratas que ele denominou de “Vitória”, em homenagem à soberania britânica. Realmente o espetáculo é insólito. Um rugido distante anuncia sua presença ao viajante que percorre o rio Zambeze. Neste ponto, as águas ainda correm lentas e majestosas, num leito de quase dois quilômetros de largura, por entre luxuriante vegetação, quase impenetrável. Aos poucos o ruído ecoa mais e mais ensurdecedor, como se fora um trem me marcha, aproximando-se. Pequenas ilhas e recifes começam a perturbar a serenidade das águas, que, tumultuadas pelos obstáculos, abrem-se em quatro braços distintos. 


     A enorme massa de água acelera sua marcha, para precipitar-se de uma altura de 108 metros, na garganta que se abre logo adiante. Aos braços do rio correspondem quedas diferentes e rivais em beleza: catarata do Diabo, catarata Principal, catarata do Arco-Íris e catarata Oriental. A violência do choque das águas sobre as rochas levanta lentas colunas de vapor de água, que se condensa e cai novamente em forma de chuva. A luz do Sol, refratada nos milhões de gotas de água, forma um eterno arco-íris. Depois da queda, o rio prossegue seu curso em agitado zigue-zague, através da garganta escavada no terreno rochoso, alargando-se e estreitando-se ao longo de mais de 70 km.

                        Mapa físico dos principais rios da África.

https://www.youtube.com/watch?v=Atz8AGyG7v8